Evento
Maria do Carmo Secco
Homenagem
A artista dirigiu a EAV nos anos 90 e foi professora por mais de 20 anos. Obras, biografia, depoimentos e uma aula aberta para celebrar sua trajetória.

Para celebrar o aniversário da saudosa artista Maria do Carmo Secco, no mês de novembro acontece uma homenagem a ela, que foi diretora nos anos 90 e professora da EAV por mais de 20 anos. Nos canais do Parque Lage assim como no perfil de Instagram @mariacsecco, estará sendo postado depoimentos afetuosos de amigos, artistas, críticos e ex-alunos.

Oferecemos também, uma aula gratuita de Talita Trizoli, disponível online, sobre a trajetória da artista, que foi uma mulher vanguarda nos anos 60, formadora do movimento a Nova Figuração Brasileira e atuante nas artes por mais de 50 anos, até o seu falecimento em 2013.

Mais informações pelo site mariadocarmosecco.com


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Segundo Paulo Herkenhoff, “Maria do Carmo merece ser vista e respeitada nas suas diversas partes, porque tudo ali é valioso, igualmente valioso. Maria do Carmo precisa estar no mundo, não é só o Brasil, ela não é um fenômeno brasileiro, é um fenômeno latino-americano.” “ O modo de pensar a arte de Maria do Carmo”, prossegue ele, “era através de continuidades, saltos e rupturas.” “Num primeiro momento tem sua narrativa, depois passa para uma linguagem pop, trabalha com fotografia, foto-linguagem, mas numa perspectiva conceitual. E nesse trabalho fotográfico ela tinha a noção de que a linguagem, a forma, são construções que precisam de liberdade poética. A arte conceitual não precisa ser enfadonha, não precisa ser uma regra, mas ela é, para a artista, uma possibilidade de criar possibilidades para o outro; depois ela pinta, a pintura pode ser abstrata, pode dar lugar ao desenho, o espaço pode ser divisão de cores mas também pode ser uma linha que diz: - isso aqui é um lugar que se torna espaço pela minha presença”. “Enfim”, conclui, “isso se dava não como choque, mas como demonstrando que eu sou muitas no meu interior; eu tenho muitas reentrâncias para exibir. Então, quando Maria do Carmo parte para uma pintura mais abstrata, ela também está dizendo o quê? - Eu também tenho o prazer sensorial do signo pictórico. Agora a minha entrega é a isso. E ela é capaz de confrontar cores primárias, secundárias, conhece cor.”

Formadora do movimento “Nova Figuração Brasileira”, foi uma das mulheres radicais da arte - e da sociedade - no período da ditadura militar. À frente do seu tempo, com uma coragem enorme, quis sair da comodidade de sua família tradicional de origem para buscar a liberdade que a arte oferecia. Mulher, mãe de 3 filhos, com um casamento convencional em que o marido não aceitava sua profissão - ela causou e enfrentou um desquite em 1964, para casar-se com outro artista 8 anos mais jovem, Dileny Campos, que conheceu no MAM-Rio, palco de estudos e movimentos intelectuais e de arte nos anos 60/70. Com Dileny teve mais uma filha, mais uma vez rompendo as convenções da época, aos 42 anos de idade

No mesmo período, sua casa na Gávea (Rio) era palco de encontros recorrentes de grandes artistas e críticos para discutir os caminhos da arte: Raymundo Colares, Waltercio Caldas, Vergara, Antonio Dias, Cildo Meireles entre tantos outros. Uma espécie de anfitriã agregadora de artistas e questionamentos.

Seu trabalho é uma investigação profunda da imagem, figurativa e abstrata. Uma das poucas mulheres no movimento “A Nova Figuração Brasileira”, participou das exposições “Opinião 66” no Mam-RJ e a “Nova Objetividade Brasileira”, em 67, organizada por Helio Oiticica e pelo crítico e curador Frederico Morais. Segundo o último, “é uma artista que sobrevive independente dos grupos a que pertenceu ou os movimentos de que fez parte, porque tem uma obra que nunca se fechou, se manteve aberta evoluindo à luz das mudanças no seu entorno. Há em sua obra uma diversidade que não anula uma coerência, um percurso, uma constância temática.”

“Essa temática, o corpo e a casa, sendo suas pinturas da época afirmações da diversidade das vidas intimas de mulheres que rompem com os papeis fixos - a mulher erótica, a mulher mãe, às vezes na mesma pintura. Morais ressalta também suas qualidades de colorista e a exploração do branco em seus papéis, que justificava como “aquilo que sobrou do desenho”.”

Maria do Carmo tem obras na coleção Gilberto Chateaubriand no MAM RJ e no Museu Nacional de Belas Artes RJ, na coleção Roger Wright na Pinacoteca de Sao Paulo, no Museu da Pampulha em MG.

Acontece na EAV


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