Sobre o curso
Porque pensar as relações entre as artes visuais e a antropologia? A arte contemporânea está hoje por todo o planeta. Uma língua franca internacional e seus sotaques locais. Esse curso pretende apresentar e analisar como antropólogos clássicos e contemporâneos pensaram as artes não ocidentais na história da antropologia, assim como o campo das artes visuais tem se interessado pela antropologia para discutir identidades e interseccionalidades raciais e de gênero, decolonialidade e contra-colonialidade, e questões ambientais e o Antropoceno. É possível falar de artes e estética transculturalmente? Como os mitos se encarnam nas materialidades artísticas mundo afora? Como evocar, interpretar e traduzir para os livros de história da arte e para as curadorias de exposições repertórios visuais e materiais indígenas, africanos e de povos oceânicos? Como evitar a reprodução de estereótipos colonialistas e racistas? Quais exposições históricas aproximaram artes ocidentais e não-ocidentais? Quais artistas modernos e contemporâneos dialogaram com a antropologia? Como entender as transformações artísticas de povos originários diante do mercado no mundo globalizado? Quais são as aproximações entre os fazeres artísticos e antropológicos, e de que forma a antropologia, suas teorias e práticas, podem ampliar as sensibilidades e a imaginação de artistas, professores e curadores? A partir de exemplos de várias matrizes culturais e cosmológicas, esse curso pretende investigar com os alunos, e a partir dos seus temas de interesse, outros mundos imagéticos e temporalidades de modo a possibilitar outros horizontes poéticos e políticos para as práticas de quaisquer interessados em arte e antropologia. Falar de antropologia da arte é falar de identidade, diferença, desigualdades, diversidade, magia, antropofagia, fetiches, tecnologia, e sobretudo, de conexões criativas que nos permitam sustentar os desejos de novos mundos possíveis.